No último domingo à noite, no conhecido programa televisivo de entrevistas apresentado por Marília Gabriela, estava na cadeira de entrevistados ninguém mais, ninguém menos do que Fernando Gabeira. Não cabe à minha pessoa definir – ou pelo menos tentar fazê-lo– quem é Fernando Gabeira, portanto, caso você não saiba muito bem de quem se trata, pergunta para o Google aí na outra aba do seu navegador.
Enfim, Gabeira participou do programa e, em determinado momento, foi questionado com relação à atitude do atual “jovem brasileiro” em comparação aos jovens de sua época – aqui vale enfatizar, jovens que viveram a ditadura militar. Muitas pessoas nesse momento diriam: “é claro que o jovem da época era mais ativo, enérgico, se preocupava com o país. Hoje em dia ninguém tá nem aí e blá, blá, blá, shit, shit shit...”. Vocês já repararam como essas frases – tão comuns – são curiosas? “Ninguém tá nem aí”, “brasileiro é burro, não sabe votar”. As pessoas que costumam proferir esse tipo de sentença NUNCA SE CONSIDERAM PARTE DESSE TODO. Sempre são melhores que isso, quando na maioria das vezes, não são. Mas vamos ao que interessa...
Gabeira disse que o jovem de hoje, apesar de todas as guerras e conflitos armados que vê, aprendeu que pegar em armas e sair matando pessoas não é a solução. Também aprendeu que a História não é simplesmente alterada para um novo curso a partir de uma ação conjunta e seguirá esse rumo de maneira previamente planejada para todo o sempre. Não se cria um novo sistema de governo por meio de uma revolução e, uma vez alcançada a vitória, fica definido que esse sistema novo funcionará como planejado, que a engrenagem nunca trará problemas e a História está encaminhada para rolar sobre o script. O jovem de hoje sabe que não é assim, muito graças aos jovens daquela outra época, daquele regime opressor e inqualificavelmente estúpido.
Fernando Gabeira disse ver a atitude em projetos como defesa dos animais, defesa da natureza, defesa de um ideal. Vejo um grande ideal na busca pela disseminação de diálogos inteligentes, que tentem ajudar a abrir a mente das pessoas e não convencê-las, ou pior, aliená-las.
Talvez, ao invés de ficarmos dizendo que o jovem de hoje não se mexe, que tal pensarmos em detalhes daqueles anos de conflito e repressão no Brasil. Será que realmente as forças de resistência estavam cobertas de razão? Será que, caso essas forças conseguissem de fato, derrotar o regime opressor, estaríamos em melhores mãos? Será que o governo que poderia vir ser instaurado, era o melhor para todos? Você já se questionou a respeito? Não?! O que é isso, companheiro?
Há 50 anos colocaram Yuri Gagarin em órbita. Uma grande potência ficou de queixo caído e decidiu que era hora de agir. Muitas coisas aconteceram desde então e vimos uma metade de Século XX se desenrolar diante de nossos olhos. Mas talvez nem tudo tenha sido exposto no teatro dos comuns. Talvez muitas coisas tenham entrado em cartaz apenas para alguns. Pode até ser que tenham acontecido – e alterado a nossa própria história - simplesmente por trás das cortinas. Talvez não queiram que vejamos determinadas peças. O que é isso, companheiro?
João Cianelli
As vezes não percebemos o quão hipócritas podemos ser. Adorei, João :)
ResponderExcluirÉ João. As coisas vão de mal a pior. É realmente frustrante ouvir pessoas arrogantes condenando a juventude por sua "inércia", sendo que, no geral, os que criticam não são dignos nem de amarrar os sapatos dos jovens ativistas de épocas passadas.
ResponderExcluirMarco Aurélio