sexta-feira, 8 de abril de 2011

Blitzkrieg Mais-Que-Moderna

No livro "O Discurso do Rei", de Mark Logue e Peter Conradi, parte da [fascinante porém aterrorizante] história da Segunda Guerra Mundial é contada. Nesses trechos do conflito retratados, está aquele referente à Blitzkrieg - os ataques aéreos alemães. Pois bem, a guerra acabou, o tempo passou, o mundo mudou.
Encontra-se inserida em nossa sociedade do século XXI uma nova Blitzkrieg, da qual todos já fomos/somos vítimas. Ela costuma acontecer quando, ao ligarmos nossos televisores, homens de ternos caros atrás de bancadas nos dizem "boa noite". Então, de maneira súbita, descarrega-se uma artilharia pesada, cruel, manipuladora e porca sobre nossas pobres, frágeis e já afetadas cabecinhas. Essa artilharia vem "editada" e convertida para o formato de nossas mentes, sendo que seu estrago pode causar danos irreversíveis. Pois é, é a Blitzkrieg mais-que-moderna.
No livro, um jovem Bertie, futuro Rei George VI, luta contra problemas de fala e tenta impor sua voz. Ele o busca de maneiras diversas e até mesmo absurdas, até encontrar o caminho para que sua fala possa fluir. 
O homem tornou-se Rei (não santo), comandou um império em uma guerra sangrenta, conquistou milhões de seguidores, contribuiu para as mudanças de rumo da Inglaterra e do mundo moderno. Bertie utilizou sua voz, bradou ao mundo. Quando foi a última vez que fizemos/conseguimos fazer o mesmo?
Será mesmo que a Blitzkrieg mais-que-moderna é tão mais poderosa que nossas vozes, falas, dicções conjuntas? Acredito que não, ela apenas "está em um momento de vantagem". Porém, como disse, a artilharia é pesada, covarde e manipuladora. 
Há pouco mais de seis décadas e meia, Bertie e sua voz triunfaram sobre um inimigo nazista. Assim como ele, também somos capazes de superar nossos problemas de fala, somos capazes de conquistar milhares - senão milhões - , somos conjunto forte dotado de riquezas individuais. 
Que discursemos então para a nação e para os monumentos de nossa grandeza. Que assim como Bertie voltou a Wimbledon e superou seus medos, superemos nossos temores e horrores. Não peço que voltemos a ter desilusões nem que sejamos heróis. Exalto para que nos protejamos da Blitzkrieg mais-que-moderna e sejamos maiores do que ela.


Um velho senhor milionário morre e vira santo. Sua luta contra uma doença o faz ser considerado "símbolo de amor à vida". Símbolo de amor à vida, heroísmo, eu vejo naqueles que lutaram e que lutam contra essa mesma doença porém, seus únicos milhões, são de pensamentos positivos e fé (não que eu duvide do poder disso).


Não peço que voltemos a ter desilusões nem que sejamos heróis. Exalto para que nos protejamos da Blitzkrieg mais-que-moderna e sejamos maiores do que ela.


João Cianelli

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